Da esquerda para a direita: Estampa coração sobre xadrez vichy vermelho; estampa João Colagem azul; estampa João Colagem rosa |
Desde que me entendo por gente e desconhecia palavras agora tão em moda - reciclagem, reutilização, biodegradável, sustentabilidade, etc - tenho o olhar atento a tudo o que se pode ser reaproveitado. Acho delicioso o exercício de descobrir uma finalidade estética, funcional ou as duas juntas para qualquer material ou objeto que caia nas minhas mãos. O resultado disso é que volta e meia tenho de me desfazer de uma montanha de objetos, papéis e outras quinquilharias para abrir espaço em casa. Os armários estão cheios, as prateleiras do meu pequeno ateliê estão lotadas.
É, nem sempre a imaginação acompanha a quantidade de materiais que vai se avolumando. Porque criar, pelo menos para mim, não é assim uma atividade igual à de padaria, que de 15 em 15 minutos sai pão quentinho. Preciso de tempo, de informação, de digestão. Nesse emaranhado de materiais X ideias vou buscando soluções, ou direções, mas isso não quer dizer que os resultados sejam sempre satisfatórios. Pode ser que uma ideia, embora pronta e acabada do ponto de vista da execução, não resulte em algo, digamos, esteticamente aceitável. Daí, a criação volta para a prateleira, e fica lá até que chegue o bom tempo para desengavetá-la.
Ando um pouco aflita com as sobras de tecidos desde que comecei a brincar de estilista. Até já pensei em desenvolver uma coleção de roupas infantil para aproveitar os retalhos. Mas se já é difícil me dedicar à marca Adevania Silveira (falta tempo para um monte de coisas), imagina ter uma segunda filha. Claro, já doei muitos e muitos pacotes de retalhos à cooperativas que trabalham com este tipo de material. No entanto, o meu desejo é também criar uma linha de produtos para a minha marca.
Para a coleção "Amèlie Poulain vai a Campinas", desenvolvi os toys art com as imagens dos croquis, feitos pela Melissa di Magalhães. Assim, pude aproveitar todos os retalhos de tricoline branca. Os toys ficaram charmosos e são uma ótima opção de presente para quem não pretende gastar muito: custam R$ 35.
Esta semana, comecei a customizar alguns pares de Havaianas com os tecidos que estampei na coleção passada, "Guarda o Coração". São tecidos exclusivos e, claro, atualizados. Gostei do resultado. Não pretendo adicionar detalhes nas correias, porque prefiro-as mais clean, sem muitas firulas. Serão vendidas no ateliê Adevania Silveira, a R$ 40 o par. Pretendo destinar 5% do valor das vendas ao Projeto Abraço nas Ruas, da Igreja Sara Nossa Terra, que distribui sopa quentinha, carinho e uma palavra de esperança às pessoas que estão na rua de madrugada, seja em filas para conseguir uma consulta médica ou porque não têm para onde ir.