segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

|Voltei a ser eu|


Quando alguma coisa desanda na vida, o primeiro culpado é sempre o cabelo. Especialmente se o dono do cabelo for mulher. Não te soa familiar? Ando meio assim-assim por conta de uma estafa que já deve estar fazendo aniversário, mas só diagnosticada há alguns dias (sim, o médico precisa dizer com todas as letras o que o corpo está gritando há muito tempo). 
   Mas até o doutor entrar em cena, repetidas miradas no espelho pela manhã, momento em que a imagem refletida não tem qualidade digital com tecnologia Led Full HD, me levaram a formatar a sentença cruel: "Preciso dar um jeito nesse cabelo! O pobrezinho dá uma murchadinha mais, insinua protestar, mas recua. Não há como lutar contra a poderosa voz que emerge das profudezas. A ordem está dada: "Vamos dar um upgrade no visual usando as mãos mágicas de um bom cabeleireiro e tudo vai ser diferente". 
   Marquei hora no salão e lá fui eu em busca de salvação. Acontece que houve um sinal, mas decidi ignorá-lo. Meu cabeleireiro não chegaria no horário combinado. Mas esperar para quê? Serve o único profissional de bobeira, à espera de sua vítima, quem sabe uma daquelas que acreditam que a vida pode mudar com um simples corte de cabelo. Nem preciso dizer que voltei para casa acreditando que o mundo era mesmo muito cruel. Meu cabelo estava exatamente do jeito que eu mais detestava: careta, antiguinho. 
   Inconformada, uma hora mais tarde, depois de alguns telefonemas voltei ao salão e MEU CABELEIREIRO, que então havia chegado, pegou a lâmina e zás-trás pra lá e zás-trás pra cá. Ficou melhorzinho, mas a fé durou somente até o dia seguinte, quando decidi procurar uma antiga cabeleireira. Soraia até que tentou, mas o estrago era grande e aconselhou deixar o bicho crescer um pouco para mudar o corte depois. Mas que deixar crescer o quê? Vamos mudar a cor. Depois de anos e anos, cansei de ser ruiva, cabelo de fogo, cenourinha etc etc. Queria ser...sei lá, talvez castanha? Loira? Não, nunca! De dúvida em dúvida meu cabelo foi ficando com aquela cor OVNI, sabe? Impossível identificar. 
   Até que, mais uma vez, diante do espelho, a solução mágica. "Preciso dar um jeito nesse cabelo". Para meu desespero, decidi que o melhor era voltar a ser ruiva, afinal, eu já acreditava ter nascido ruiva. Seis horas mais tarde, me via no espelho, cabelos curtos (é, precisou cortar novamente, com o quarto cabelereiro desta história) e vermelhos! Mas...ainda não acabou. À medida que lavei o cabelo, o vermelho deu lugar a uma cor acobreada, quase loira. Cruzes. Ainda não foi desta vez. 
   Passei alguns dias quase loira e quase à beira de um ataque de nervos todas as vezes que olhava no espelho e minha filha dizia que eu ia virar a Xuxa. Marquei novamente salão, e lá fui eu. A cabeleira estudou a cor, disse que ia misturar esta com aquela tinta e....nada! Saí de lá castanha! Ela resolveu não cobrar e marcar nova sessão. Já entregue nas mãos de Deus, concordei em voltar. O marido dela, que também é profissional do ramo e se apresenta como colorista de primeira, analisou meu cabelo e deu a sentença: é a 6:88. Ontem apliquei a bendita e tcham-tcham-tcham: virei cenourinha finalmente. Depois de tantas derrapagens voltei a ser ruiva. Não resolvi todos os meus problemas, mas um deles, sim. Voltei a ser eu. Cansada, estafada, precisando tirar férias, com olheiras indomáveis, mas era eu. Com o cabelo da cor de quando nasci.

domingo, 5 de dezembro de 2010

O MEU E O SEU JEITO DE MUDAR O MUNDO

 

Desde o tempo em que eu nem sabia que além de jornalista me tornaria estilista, meu pensamento ia de encontro às causas ecológicas. Defendo que as pessoas precisam aprender com urgência a gastar menos as fontes naturais do planeta. E para que isto aconteça e esta forma de agir seja incorporada à nossa vida cotidiana é preciso mudar padrões de comportamento, especialmente os que foram originados a partir da revolução industrial. No topo das iniciativas que podem beneficiar o nosso planeta está a redução do consumo. 
   Esta ação está à frente, inclusive, da reciclagem. Se reduzimos o consumo, reduzimos a quantidade de lixo. E se diminuímos a quantidade de lixo, não vamos precisar reciclar tanto. Reciclar implica submeter o resíduo a algum processo industrial e isso requer de fontes de energia, água, etc. 
O raciocínio é este: compre somente o que for necessário [inclusive roupas!], use o que você tem até o fim [o que estiver estacionado na sua casa, sem uso, passe adiante], dê preferência à produtos que prezam a sustentabilidade. Um exemplo? Já viu a quantidade de embalagem que o Mac Donald´s utiliza para servir um simples sanduíche? Seu pedido é embrulhado em papel, depois é colocado dentro de uma caixa de papelão e, em seguida, sobre uma bandeja forrada com papel. 
   E se você for levar para casa, o pedido é colocado dentro de um saco e o refrigerante apoiado em um suporte de papelão. Não acha que é muito desperdício para comer um simples sanduíche? Se você começar a questionar, verá que a maioria das marcas brasileiras repete a mesma prática de gastar muito com a embalagem, sem se preocupar com os danos que causará à natureza. Por esta razão, há alguns anos, quando abri a Bodichitta, loja multimarcas, passamos a reutilizar sacolas de papel de outras marcas. Sabe a montanha de sacolas que a gente vai acumulando em algum canto da casa com pena de jogá-las no lixo? Pois é. As clientes que entregassem na loja acima de 10 sacolas de papel, ganhava 2% de desconto na compra. Para fazer esta corrente crescer, criamos a etiqueta "embalagem reutilizada" na qual explicamos as razões da nossa iniciativa, inédita até onde eu sei. Agora, com a marca Adevania Silveira, que também começou na Bodichitta, quis manter a ideia. 
   Portanto, quando uma cliente compra uma peça no showroom da marca, ela pode ir numa sacola do Ronaldo Fraga ou da Patricia Motta. Esse é nosso jeito de mudar o mundo. Mas ele também pode ser o seu jeito. Adote esta ideia. Se deseja comprar um vestido Adevania Silveira, pense bem antes. Verifique se no seu armário há espaço para ele ou então, antes de comprá-lo, doe uma peça que você está há pelo menos seis meses sem usá-la. Você vai fazer bem a você mesma e ao mundo.

DEPEDRO - Como el viento

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