Este ano foi, até agora, bastante produtivo para a arte e a moda em Goiânia. O Cerrado Fashion Week, idealizado pela Cristina Ribeiro, em maio, abriu uma enorme possibilidade de finalmente se firmar no calendário de Goiás um evento de moda de qualidade, que tenha o compromisso de uma curadoria que privilegie a moda autoral, e nos leve a construir uma identidade de moda brasileira a partir da cultura local. A indústria da moda já existe aqui, nós sabemos. Falta mostrar a nossa cara, o que somos e o que pensamos. Só podemos ser diferentes se, ao invés de mirarmos para São Paulo, Rio, Paris, direcionar os olhos para o que temos aqui, bem pertinho de nós. Vejo que este movimento está começando, devagarinho, sem contar muito com o apoio e o entusiasmo de entidades que deveriam estar presentes, mas ainda não estão.
Daí veio o Movimento de Ocupação Visual e Artística, o Mova, com apoio da Secretaria de Cultura de Goiânia e produção da Arte Plena, representada pelo Sandro Tôrres e a Wanessa Cruz, que sabem do que a arte precisa. Gente, está incrível (está porque ainda não acabou). Várias ações ocuparam, literalmente, espaços abertos, promovendo o encontro da arte e do artista com o público. Mais rico, impossível.
A ação de artistas & estilistas, da qual participei, foi bastante inspiradora. Adorei poder observar a reação de pessoas comuns interagindo em um desfile ao ar livre, às 10 da manhã!, de gente ainda sonolenta que saiu de casa para comprar pão ou passear com o cachorro se deparando com modelos, maquiadores, artistas e estilistas em pleno Parque Vaca Brava ou Parque Flamboyant.
Goiânia precisa muito disso! De orquestras nos despertando em manhãs de sábado de sol; de criança pintado no parque; de artista colorindo a nossa vida. E tudo com muita qualidade, porque de iniciativas toscas, mal ajambradas e alternativas demais, não dá!
Hoje, domingo, ainda teve o Fashion Mob, no Shopping Bougainville, com artistas e estilistas customizando sacolas, mobilização dirigida pela organização do CFW, que realiza sua segunda edição de 6 a 9 de outubro no Museu de Arte Contemporânea. E, para fechar o ano, o CowParade, evento internacional que está selecionando cerca de 50 artistas para customizar simpáticas vaquinhas.
Aproveito para contar a você minha experiência no Mova. Foi instigante receber três metros de tecido pintados pelo Sandro Tôrres para produzir o look. Não sabia o que viria. Sandro e eu conversamos previamente mas muito rapidamente num café, trocamos algumas poucas ideias, mencionei o homem invisível, o espectro masculino representado em uma de suas séries, e do qual gosto muito, mostrei o rabisco de um vestido e fomos embora. A ideia inicial era usar a imagem inteira nas costas, fazendo um capuz para posicionar a "cabeça" do homem invisível. No entanto, ao receber o tecido pintado, quis mudar tudo. Me deu uma vontade imensa de cortar a cabeça daquele homem e de pendurá-la numa corrente. Hahaha. Bem, como podem ver na imagem abaixo, a dita cuja virou bolsinha. Buscava o humor, mas observando depois a foto de estúdio do Vinícius Moreira, e todo aquele vermelho intenso da obra de Sandro se sobressaindo, uma outra intenção se revelou. Freud explica? Não quero nem saber.
Foto: Vinícius Moreira. Modelo Jéssika Alves |
Foto: Vinícius de Castro. Modelo Jéssika Alves |
Foto: Vinícius de Castro. Modelo Jéssika Alves |
Sandro Tôrres e Jéssika Alves |
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