terça-feira, 5 de outubro de 2010

O BOLO E A VAQUINHA

A Pilar chegou ontem da escola com uma novidade. "Mamãe, eu e meus amigos vamos fazer uma festa surpresa para a prô amanhã. Eu vou levar o bolo". "O bolo?", retruquei. "É, mamãe, cada um escolheu levar uma coisa e eu escolhi o bolo!", disse ela com as sobrancelhas levantadas, na típica reação de quando a mamãe aqui fala bobagem. 


   Um amiguinho ia levar a velinha, o outro um prato de salgadinho, o outro brigadeiro, a outra os balões e ela, o bolo para 25 coleguinhas! Calculei a minha segunda-feira lotada de compromissos e o tempo que gastaria indo até a confeitaria para encomendar o bolo, decidir o sabor e depois voltar para buscar. Preocupada com o tempo curto resmunguei no quanto teria sido mais prático a turma ter feito uma "vaquinha" e pedido a ajuda de alguém na escola para comprar o bolo... Mas, Inês era morta.
   Como era a primeira vez que organizava uma festinha, achei uma boa ocasião para ensinar à Pilar o que era uma "vaquinha", sobre divisão de tarefas, sobre ser prática etc etc. Ela até que concordou mas, decepcionada, choramingou que se não levasse o bolo no dia seguinte, ia estragar a surpresa. "Não, querida, o bolo de amanhã você vai levar, mas da próxima vez, você organiza de outra forma, combinado?".
  
Aliviadas, passamos a elaborar um plano de ação para resolver a questão. Fácil. Como temos Deus no céu e vovó Isalda na terra, a melhor chef do mundo, fomos até a casa dela pedir socorro. O resultado você vê na foto: a Pilar no carro, toda feliz, segurando o bolo no colo, como se fosse um bebê muito novinho e delicado. Euzinha tive de acordar uma hora mais cedo, porque segundo a organizadora da festa, era preciso chegar à escola antes da prô.
   Enquanto me arrumava diante do espelho, ainda tive de ouvir: “Você sabe que você não vai à festa, né?”. Devidamente dispensada com a justificativa de que "os pais não haviam sido convidados" e ouvindo-a informar a hora de cinco em cinco minutos,seguimos para a escola. Missão cumprida, caminhei até a padaria da esquina e me sentei para tomar um café. 
   Enquanto me refazia da correria na primeira hora do dia, pensei no quanto a Pilar é parecida comigo. Para organizar uma festinha ou fazer algo novo ou diferente, movo mundos e fundos. Sempre escolho o caminho mais trabalhoso se presumo que isto é que fará a diferença, que deixará algo mais bonito ou melhor executado. A Marina Potrich até já atribuiu um lema pra mim: "se posso complicar, porque facilitar?" E ela tem razão. O único cuidado é aplicar a regra unicamente para as coisas mais prazerosas da vida. Escolher levar o bolo e não a velinha, por exemplo.

2 comentários:

  1. Adorei o post! E a Pilar está linda, toda feliz segurando o bolo,aliás lindo também!!!
    Beijo

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkk
    a cara de vcs... a cara de quem com quem quero estar sempre junto.
    o prazer de viver cada enrolação dessas como se fosse uma diversão a mais na vida.
    vale muito a pena. nem que seja pela lição. ou pelo texto! ou por haver... (me lembrei do seu convite de formatura. lembra?) beijos

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