Claydson Francisco, do GOFW, recepciona o estilista Alexandre Herchcovitch |
[1] O estilista diz que sofre pouca interferência do
departamento comercial e que não vê dificuldade entre criar e vender. É
possível ser criativo e ao mesmo tempo comercial.
[2] Alexandre disse que nunca projetou ou planejou a sua
marca que foi se consolidando gradativamente, à medida que as coisas aconteciam
e as oportunidades surgiam.
[3] Revelou que a coleção que vai para a passarela e a que
irá para as lojas são desenvolvidas simultaneamente por uma equipe de seis
pessoas, além do estilista. São criados 150 itens, entre feminino e masculino.
Sendo que de 40 a 50 são que serão mostradas nas passarelas. Destas, 10 itens
em média são produzidos em série, para atender clientes interessados nas peças
desfiladas.
[4] Hoje a marca AH está olhando muito para a própria
história na hora de criar.
[5] Aos estilistas que estão começando disse que quem tem só
técnica e não tem idéia ou quem tem somente idéia e não tem técnica, terá de
depender de terceiros e isso não é bom. Que devem se especializar naquilo que
fazem. E arrematou dizendo para terem calma, pois teriam uma vida toda para
crescerem como estilista.
[6] Disse que não é somente o setor de modelagem que sofre a
falta de profissionais. Alexandre contou que as marcas estão carentes também de
costureiras, alfaiates, porque os jovens “preferem trabalhar como atendente de
telemarketing” a invés dessas profissões. Afirmou ainda que, atualmente, as
marcas estão pagando bem à classe modelista e que no Senac SP, onde trabalha,
os alunos que cursam modelagem são absorvidos pelo mercado.
[7] AH revelou que cada vez mais se interessa pela “construção”
da roupa.
[8]Alexandre revelou que quase nunca vai ao setor de
modelagem da sua marca, embora confira todas as peças que estão sendo
executadas. Que não modela há muito tempo, mas que costura.
[9] Há 20 anos, quando começou a usar o símbolo da caveira
em suas coleções, muitas pessoas não compravam por causa disso.
[10] Sobre a projeção da moda brasileira no exterior, Alexandre
afirmou que hoje tem uma participação muito pequena, diferentemente de há 10
anos. Falou sobre os mercados para os quais vende e que, o fato das temporadas
não coincidirem, colabora para a produção das peças: nunca criou uma coleção
diferente para os mercados externos porque vende antecipadamente as coleções.
[11] Alexandre disse que nunca quis ser polêmico, que apenas
falava de temas de que gostava e que, hoje, sua criação está mais sofisticada.
Que as suas transgressões agora são bem mais sutis, como criar um vestido de
festa com tecido barato.
[12] O estilista afirmou que procura uma maneira de diferente
de trabalhar, que a pressão é grande para não cair, para sempre fazer o melhor,
que todo mundo erra e que nem sempre cria uma coleção de que gosta.
[13] Alexandre pediu desculpas ao público por não conhecer nada
da moda produzida em Goiás e que nem a pesquisou antes de vir para Goiânia.
[14] Por fim disse que o momento da moda brasileira é
bastante delicado, não de medo, mas de pessimismo. Afirma que as marcas
internacionais estão aportando no Brasil, que os grandes shoppings estão dando preferência
a elas em detrimento das nacionais. Além disso, a moda concorre ainda com o
celular, o carro, as viagens. “Eu mesmo quero comprar coisas que são lançadas
como um celular”, finalizou Alexandre.